Será que chove hoje ? OK, agora que temos o iniciador de conversa universal devidamente utilizado, podemos começar a discutir sobre o tema principal desse post, o qual, não por acaso, também tem muito a ver com “o tempo”.
Obviamente não me tornei meteorologista nem pretendo vir a me tornar um, mas vou me valer das metáforas já existentes para facilitar a leitura e o entendimento da mensagem que quero passar. O recado na verdade já é antigo e já tivemos muito tempo para digerí-lo e aceitá-lo.
Sim, pessoal, vamos falar sobre “Cloud Computing”. Sei que Deus mata um gatinho a cada vez que alguém cita esse termo, mas eu não sou admirador de gatos e, por isso, não me esforço para salvar a vida dos pobres filhotes de criaturas satânicas.
Sinceramente, resisti bastante e sempre tive a mesma impressão que a maioria de vocês tem sobre esse assunto. Desconfiei e sempre fiz a mesma pergunta que todos já fizeram e ainda continuam fazendo : Quando o pior acontecer (porque nós, pessimistas, sabemos que é uma questão de quando, não de se vai acontecer), como ficam meus dados ?
Quando o sol aparecer, o tempo limpar e a nuvem for embora, levando meus dados com ela, o que eu faço ? Sinceramente, hoje em dia é extremamente difícil não ter ao menos parte de sua vida digital armazenada em algum servidor perdido por aí. Você provavelmente não tem a mínima idéia de onde, fisicamente, esse servidor se encontra.
Essa é a nuvem. Você já está vendido, não adianta querer evitar, já aconteceu. Simplesmente aceite, resistir é inútil. Para você, como usuário final, nada muda muito. Você continuará trabalhando normalmente. Há alguns anos, até fazia sentido dizer que, no futuro, com o uso “da nuvem”, aconteceria uma mudança de paradigma, nossas aplicações de uso diário passariam a ser aplicações rodando “na nuvem” e você só precisaria de um navegador para realizar seu trabalho.
Hoje em dia, nem é necessário dizer isso porque já é o que acontece na prática, todos os dias. Todos usamos no mínimo uma aplicação indispensável baseada na nuvem. Geralmente, muitas aplicações e, em alguns casos, como o meu, muitas ou mesmo todas. GMail, Google Reader, Google Docs, Twitter, Facebook, etc, etc. Tudo rodando na nuvem.
Observando com o olhar do usuário, realmente nada muda. Já estamos acostumados a usar o navegador como interface principal para nossas aplicações. As aplicações Web atuais não deixam nada a desejar em comparação a aplicações desktop. As novas versões dos navegadores estão seguindo o princípio de não atrapalhar, deixando cada vez mais a interface extremamente limpa e sem distrações, exatamente para que todo o espaço em tela disponível seja usado pelo que interessa, as aplicações Web.
Mas isso tudo é chover no molhado (ai, ai, quando vou parar de tentar fazer referência ao tempo ?). Isso tudo já sabemos, nada de novo até aí. O que me dei conta é que, observando agora não mais como usuário dessas tecnologias, mas sim como profissional da área de TI, preciso realmente passar a focar meus estudos em tecnologias que fazem sentido, e não mais em tecnologias que estão fadadas a serem rapidamente esquecidas ou abandonadas.
Trabalho com suporte/administração de sistemas. Percebi que, em um futuro que espero não ser tão distante assim (tudo leva a crer que seja esse o caso), não necessariamente vou precisar continuar “perdendo meu tempo” me atualizando sobre hardware ou qualquer outra tecnologia relacionada ao aspecto físico dos equipamentos que utilizo em meu dia-a-dia.
Aliás, não pretendo e não quero mais lidar com equipamentos. Simplesmente não será mais necessário e não fará mais sentido gastar tempo, item extremamente precioso, estudando sobre aspectos físicos sendo que tudo aponta para a nuvem, onde toda o aspecto físico é gerenciado pelo fornecedor “da nuvem”. Não somente nossas aplicações “simples”, como e-mail, feeds RSS (notícias) e afins estarão na nuvem, mas também todo e qualquer tipo de aplicação.
Já é, hoje, extremamente “barato”, se comparando a alternativa de comprar e implementar toda a infraestrutura necessária para isso, hospedar sua aplicação na nuvem. Você paga o que você usa, não desperdiça, não perde tempo, pode expandir conforme a demanda e, de uma forma geral, tem toda uma infraestrutura física adicional sempre disponível a poucos cliques ou teclas sempre que precisar.
Porque você precisaria comprar e administrar infraestrutura física frequentemente se você precisa emitir um relatório mais pesado somente no final do mês ? Alugue um espaço modesto na nuvem, rode o mês todo gastando menos e compre mais processamento somente por algumas horas, para emitir aquele relatório mais exigente no final do mês.
Simples, rápido e fácil. As tecnologias de virtualização avançaram bastante e hoje em dia é muito difícil você ficar a ver navios, com sua produção parada, hospedando sua aplicação na nuvem. Sua aplicação pode ser migrada para outro servidor físico rapidamente em caso de problemas no servidor onde a mesma está hospedada e isso geralmente pode ser feito “a quente”, ou seja, durante o uso da aplicação, sem tempo de parada e sem que isso seja perceptível aos usuários.
De fato, isso ocorre frequentemente em ambiente “de nuvem” e você nem mesmo sabe que isso aconteceu. E, todos sabemos, quando os usuários usam o que precisam para fazer seu trabalho e não notam os problemas, estamos fazendo um bom trabalho, certo ?
Certo. Sejamos portanto um pouco usuários “da nuvem” e simplesmente utilizemos a infraestrutura adaptável fornecida por essa tecnologia como usuários. Se não notamos os problemas, provavelmente é devido ao fato de que a tecnologia avançou o bastante para impedir que os problemas sejam perceptíveis aos olhos dos usuários (nós, no caso).
Pouco me importa onde, fisicamente, a infraestrutura que hospeda minhas aplicações está localizada. Contanto que minha infraestrutura lógica (servidores virtuais e aplicações) esteja disponível e acessível remotamente, isso é o que me importa.
Agora tente comprar o que é necessário (não só software, mas também toda a infraestrutura física) para fazer isso você mesmo internamente e depois me diga se o que os fornecedores de “espaço na nuvem” atuais oferecem não é uma pechincha. Vide Amazon, por exemplo.
A mensagem é : se você trabalha com infraestrutura, adapte-se. Se quer continuar a trabalhar com infraestrutura, passe a focar na infraestrutura lógica. Servidores virtuais, aplicações, bancos de dados, tecnologias para Web em geral. Se quiser ter uma vantagem em relação aos demais profissionais de infraestrutura (lógica), aprenda a programar e aprenda a lidar com ferramentas/frameworks para desenvolvimento Web, como Rails (para Ruby), DJango (para Python) e males necessários como Tomcat/JBoss.
Não perca seu tempo estudando a fundo sobre processadores, discos, memória ou nada que envolva tecnologia física. Obviamente que você precisa conhecer sobre isso, mas não dedique tanto tempo assim a isso. Prefira o aspecto lógico ao aspecto físico.
Afinal, o físico sempre se deteriora e o lógico sempre permanece. Como as lembranças, por exemplo, mesmo com o tempo 🙂